É bastante comum para quem já tem um produto rodando, seja em uma versão MVP ou mesmo um produto final, em algum momento chegar a um nível de maturidade onde surge a necessidade de melhorar a usabilidade do produto. Separamos neste post alguns indicadores e motivos de que você precisa rever o UX de seu software!
Geralmente porque a primeira versão (quem sabe até segunda ou terceira) foi feita a “toque de caixa” ou porque a construção das interfaces foram realizadas com o time e recursos que haviam disponíveis no momento. Isso na prática significa boa parte das vezes ter que utilizar apenas a visão particular do próprio desenvolvedor/designer interno e uso de frameworks, como o bom e velho Bootstrap, em entregas rápidas focando em velocidade para colocar “o produto na rua” o quanto antes.
Produtos são construídos e “validados” o tempo inteiro apenas de forma interna em empresas de tecnologia e startups. Esse infelizmente ainda é o caminho tradicional e conhecido em grande parte dos projetos digitais do mercado brasileiro.
Mas calma, nem tudo está perdido! Se você tem consciência de que isso foi necessário em determinada fase do projeto mas ainda assim se encontra em um momento de maturidade onde deseja dar um passo além no que diz respeito ao UX design e usabilidade do seu sistema, você pode fazer isso sem ter que recomeçar do zero. Existem formas de minimizar o tempo perdido e dar um upgrade na usabilidade e experiência de sua solução partindo de uma identificação dos problemas mais comuns, seguido de reformulações pontuais. Dessa forma, não necessariamente é preciso afetar tudo aquilo que você desenvolveu até agora em termos de back end.
Requisitos do usuário e proposta de valor validados? Ótimo!
Nesse cenário estamos partindo do pré suposto que seu produto ou MVP já estão validados! Afinal se mesmo com a interface não estando 100% você conquistou um posicionamento sólido ou ganhou clientes pagando para ter acesso ao que você oferece, isso já é um indicativo de que seu negócio está no caminho certo. Diversas empresas com este perfil oferecem a seus clientes funcionalidades que realmente satisfazem dores e resolvem problemas reais do mercado.
Com frequência encontram-se nessa situação grandes negócios formado por times com cultura de desenvolvedores em empresas baseadas em tecnologia. O grande problema é que cedo ou tarde a criação de um algoritmo fantástico ou uma tecnologia robusta e eficiente pode vir a não ser suficiente quando o seu concorrente também estiver entregando esse mesmo benefício.
O user experience (UX) hoje consegue agregar um significativo diferencial competitivo, e quando falamos de UX não estamos apenas falando de interfaces bonitas (claro, isso faz parte do UX também), mas sim de um conjunto de elementos que resultam em uma satisfação emocional e facilidade de uso para seus usuários.
Cenários e problemas comuns nesse tipo de contexto
Pode-se dizer que como os conceitos de UX são relativamente recentes, boa parte dos produtos digitais, web e mobile, estão ainda começando a se deparar com essa necessidade de encontrar novos diferenciais e oferecer não apenas funcionalidades e sim experiências significantes e diferenciadas para seus clientes.
Alguns dos sintomas e cenários mais vistos quando você encontra-se nessa situação e por onde você pode começar e fazer sua auto-análise:
-
Interface defasada ou ultrapassada
| “Meu produto é ótimo, super completo, mas eu sei que ele não tem uma boa interface”Aqui temos os casos típico de sistemas com bastante legado ou que já estão sendo construídos e evoluídos há anos a partir de uma mesma base de código. Geralmente foram desenvolvidos para versões desktop e já estão estáveis e bem posicionados no mercado em que atuam.
Apesar disso correm facilmente o risco eminente de alguém com o mesmo arsenal de desenvolvimento e funcionalidades simplesmente chegar com uma interface e usabilidade melhor e roubar seus clientes por estar oferecendo algo a mais que você. (*Dica: Como se destacar de seus concorrentes com UX).
-
Template Bootstrap admin comprado | “Meu layout é bonito porque usamos um tema pronto, mas não foi pensado em nada em termos de usabilidade”
Outro caso muito comum, que muitas vezes gera uma ilusão de que está tudo bem, é quando de fato você tem um layout bonito e moderno, cheio de componentes legais comprados em sites de templates. É importante saber que ter componentes e layouts bonitos absolutamente não significa que seu produto tem uma boa usabilidade ou oferece um bom UX.
Ser fácil de usar está diretamente relacionado à ser compatível com as expectativas e forma de pensar e ver o mundo de seus usuários. Esse tipo de conhecimento e fonte de informação para tomada de decisões a respeito da arquitetura de informação (diretrizes sobre o que priorizar e como organizar uma interface) não virá pronto em um template comprado, não importa o quão belíssimo e interativo ele seja.
-
Interfaces construídas por um webdesigner ou front end solo | “Contratamos um freela ou um profissional que desenhou todas as nossas telas um tempo atrás”
Nem todos os designers web e fronts praticam o processo completo das metodologias de user experience design. O fato de você ter contratado esse trabalho um dia não necessariamente resolve o seu problema em termos de UX. Analise se o processo envolveu usuários reais de seu produto (por N motivos nem todos os designers vão seguir os métodos de um projeto ideal ou estarão qualificados para isso).
Você pode ter recebido uma arquitetura e interfaces dentro das melhores tendências do mercado com uma cara linda de “Dribbble” e ainda assim a interface não estar adequada às peculiaridades do seu contexto específico. UX design em sua essência sempre deverá prever etapas de contato e validações com clientes reais para gerar resultados confiáveis, não se engane quanto a importância da etapa de pesquisa e teste com usuários.
-
Designer unicórnio dentro da empresa | “Já tenho um designer que faz o desenho de todas as telas por aqui”
O problema de contar com apenas um ótimo designer unicórnio dentro da empresa, que é pau para toda obra e que resolve desde criação de banners, marcas, sites, materiais impressos, comunicação interna, desenha as telas e ainda codifica o front end é que um designer sozinho
assim como as andorinhasnão faz verão. Esse profissional infelizmente, por mais que queira, dificilmente conseguirá dar conta de todas as suas demandas diárias e ainda assegurar o processo ideal de UX com pesquisa, entrevistas, construção de jornadas, testes de usabilidade…Com todas as demandas, prazos, pressões e rotinas não existe mágica, você acabará caindo em entregas rápidas e superficiais pela simples lógica da limitação de recursos.
Utilidade e funcionalidades são apenas a base do UX
Concluindo, se você conquistou um mercado com seu produto mesmo sem ter tido maiores preocupações com a experiência do usuário e usabilidade até agora, que bom! Mas não se engane, seus usuários e clientes estão cada vez mais exigentes, eles diariamente entrar em contato com soluções excelentes, agradáveis, fáceis de usar que gerar o famoso “WOW effect”. Seu concorrente também sabe disso e talvez já esteja fazendo algo a respeito.
E não só isso, os produtos que possuem melhor usabilidade entregam também uma produtividade maior, ou seja, isso PODE e VAI refletir no bolso das pessoas quando estamos falando de ganho de tempo (e consequentemente de dinheiro). O tempo que uma empresa leva para capacitar um novo funcionário para usar seu produto é dinheiro jogado fora. Da mesma forma que o tempo que o funcionário passa errando, corrigindo, fazendo longos caminhos, diversos cliques ou falando com seu suporte para tirar dúvidas também é tempo desperdiçado para seu cliente.
Pergunte-se quanto tempo você acha que este cliente vai levar para perceber que existem outras alternativas, assim como seu produto, que também resolvem o problema. Uma dica? Considere seriamente que muitas vezes a diferença entre você e essa segunda opção pode vir dos inúmeros benefícios de entregar uma boa experiência do usuário.
Tem esse problema e quer melhorar o UX de seu software? Saiba mais!
Esse case foi acompanhado e relatado por:
UX Strategist, palestrante, facilitadora e mentora com mais de 15 anos de experiência em UX.