Teste de usabilidade tem o objetivo de verificar a facilidade de uso da interface. Pode ser feito com site, sistema, aplicativo.. Inclusive pode-se fazer teste de usabilidade com produtos físicos. Nesse vídeo abaixo, são feitos testes de usabilidade em frutas. De uma forma bem simples é possível nesse vídeo entender como funcionam os testes:
Teste de usabilidade pode ser feito de forma presencial ou dependendo do budget / objetivo e tempo do projeto, também pode ser feito de forma remota (por skype, por exemplo). Os testes já nos trazem ótimos resultados mesmo quando se tem número limitado de usuários.
No nosso workshop esse é um tema bem aguardado já que muitas empresas / startups sabem da importância de fazer testes de usabilidade mas geralmente não são praticantes assíduas. Quando perguntamos quem faz testes de usabilidade frequentemente, os motivos para não fazer geralmente são principalmente falta de tempo da equipe, não ter isso estabelecido no processo (e nos sprints) e também falta de budget para realizá-los.
Meu objetivo com esse post é desmistificar os testes de usabilidade, mostrar que é possível fazer testes mesmo com pouco recurso, pouco tempo, pouco usuário. Chega de desculpas para a não realização de teste de usabilidade 😀
Quando posso fazer testes de usabilidade?
Testes de usabilidade podem ser feitos em diversos momentos do projeto. Uma dica para quem ainda não tem a interface para testar, é realizar testes no produto dos concorrentes. Essa é uma ótima forma de identificar o que seu concorrente está fazendo bem e o qual é a falha da interface dele. Dessa forma, você consegue construir seu projeto / produto baseado em fatos e não somente em ‘achismos’.
Uma outra fase bem comum – e muito indicada – para realizar testes é no momento que o produto está na fase de protótipo, ou seja, ainda está em construção e precisa ser aprimorado. Nesse momento realizar testes de usabilidade se mostra muito válido para identificar problemas durante o desenvolvimento das telas e evitar horas de re-trabalho. #SejamosTodosLean Se tiver interesse sobre lean UX, temos esse post.
Outra fase que podem ser realizados testes é quando o produto está pronto e está precisando de melhorias. Pode ser muito rico nessa etapa recrutar usuários que já usam o produto (com diferentes frequências de acesso) e identificar quais são os “vícios de uso”, o que está fácil, o que não está tão óbvio, quais funcionalidades mais usam…
Quando o produto está defasado e a ideia é refazer totalmente do zero, fazer teste de usabilidade na interface atual talvez seja um desperdício de recurso e tempo. É indicado primeiro fazer as novas telas aí sim, fazer teste de usabilidade na etapa de construção – protótipo.
O que os testes de usabilidade podem trazer de resultados?
Eles não oferecem respostas prontas é preciso interpretar as ações dos usuários.
Os testes nos mostram pontos em que o usuário não consegue prosseguir em um fluxo. É possível identificar quais são as maiores barreiras da interface, onde não está tão fluido e onde o usuário demora mais para realizar a tarefa.
É possível identificar onde o texto ou mesmo o label do botão não estão tão óbvios. Algumas palavras podem fazer sentido para quem planejou mas não para o público-alvo. Com uma entrevista pós teste, conseguimos identificar se a barreira foi pelo texto estar inadequado ou se foi algum outro motivo. Entrevistas antes e depois do teste nos ajudam a entender o por quê.
Quando você está planejando fazer uma inovação ou quebrar algum paradigma já consolidado, o teste de usabilidade é indispensável. Nesse case do Mettzer, uma plataforma para formatar trabalhos na ABNT, queríamos validar uma funcionalidade de editor de texto e o teste se mostrou muito bom para isso.
Como defino os participantes?
Primeiro passo é definir com clareza o perfil do(s) seu(s) usuário(s). Aquela máxima de “se minha mãe sabe usar qualquer um sabe”, não necessariamente é verdade. Por exemplo, se você for fazer um teste de usabilidade em um sistema para administrar geração de energia de usinas hidrelétricas, possivelmente existirá termos técnicos que nem eu, nem você, nem sua mãe iremos identificar – já que não somos usuários da solução. Por isso, a importância de identificar quem são as personas da solução e com quais delas serão realizados os testes.
Para definir as personas não fique restrito a dados demográficos como gênero, idade.. Dependendo do que você precisa testar, o que importa é a experiência do participante com uma determinada funcionalidade / atividade, frequência de uso da solução ou mesmo o nível de acesso a tecnologia. Nessa ferramenta você consegue construir sua persona.
Depois de definir, como recruto?
Se você tem um produto com usuários ativos na sua base, uma ótima dica é ter esses usuários sempre a mão para realizar os testes. Faça campanha com email marketing para sensibilizar o cadastro. Depois, segmente esses cadastros de acordo com funcionalidades que cada usuário utiliza ou por perfil (ou por outra segmentação que fizer sentido para sua empresa).
Uma forma para manter esses usuários engajados em participar é dando incentivos, e não precisa ser necessariamente financeiro. Por eles já serem usuários do seu produto, aceitaram fazer o cadastro, possivelmente gostam da empresa / produto e eles geralmente se sentem úteis por poder ajudar. O que você pode fazer é surpreendê-los com alguma lembrança ou desconto. Essa é uma ótima estratégia para engajar como falamos nesse infográfico sobre service design.
Mantenha contato próximo com esses usuários que você já recrutou para algum teste. Use skype, hangout ou até whatsapp para validações rápidas. Quando surgir alguma dúvida no meio do processo, não deixe de perguntar. Usuários engajados na sua causa valem ouro, não perca eles rsrs
Se seu caso não é o primeiro, ou seja, você não tem produto e não tem usuários na base: Conte com a ajuda de empresa especialista para recrutar usuários do perfil específico que você deseja ou seja #LowCost o e pergunte nas redes sociais ou na sua rede pessoal “alguém conhece alguém que…” Funciona muito também!
Quantos usuários testar?
Em testes de usabilidade não é necessário ter uma amostra muito grande para ter bons resultados – o mais importante é que os participantes estejam dentro do perfil definido. Jakob Nielsen, tem um estudo onde defende que 5 usuários (por perfil) já se identifica 85% dos erros.
Isso é um ótimo parâmetro mas não é uma verdade absoluta, dependendo do objetivo do teste e da complexidade das tarefas pode ser adicionado mais usuários para levantar mais erros.
Como fazer um bom teste de usabilidade?
Essas dicas podem te auxiliar na hora H do teste:
- Enfatize o que será testado é a interface e não o usuário.
- Deixe claro que a intenção é identificar erros e problemas no produto para poder melhorá-lo.
- Explique que o usuário deve fazer como se estivesse sozinho e se tiver dúvidas pode perguntar mas que as respostas serão dadas no fim do teste.
- Faça um pré-entrevista para quebrar o gelo.
- Conduza o teste com pelo menos 2 pessoas, um para moderar e um para ser o observador (anotar e registrar as impressões).
- Se o usuário não conseguir realizar alguma tarefa, mesmo tendo insistido, deixe-o passar para a próxima, não dê a resposta nesse momento, exceto que seja pré requisito para outra tarefa.
- Faça uma entrevista pós teste, questionando sobre dificuldades encontradas e indagando sobre pontos que você observou que ele teve dificuldade ou que conseguiu realizar muito rapidamente.
Espero que esse post possa ter ajudado a desmistificar o teste de usabilidade como algo caro e impossível de ser feito. Nós aqui na Catarinas temos a máxima que mais vale teste algum que teste nenhum. É possível fazer testes remotos, com usuários que já estão na base ou pedindo indicação para alguém. Não precisamos de um laboratório de usabilidade com sala de espelhos para que o teste seja válido. É só fazer, como for possível. Testes de usabilidade são muito bem-vindos. Sempre.
Esse case foi acompanhado e relatado por:
Graduada em Design Gráfico pela Universidade Federal de Santa Catarina, pós graduada em Design ...